Três Bichinhos e Um Segredo

Escrita por Ery Lopes

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Capítulo 2


Provocação

 

Quando o sol já tinha se recolhido totalmente e o céu já estava se escurecendo, anunciando a chegada da noite, a lagarta começou a descer do pinheiro, lentamente. Ela ainda precisava procurar um lugar seguro e aquecido para dormir aquela noite.

Eis que lhe apareceu então um bichinho: um inseto, pequeno, que voa com muita facilidade e tem uma qualidade que o torna bem diferente dos outros bichos da floresta: ele acende uma luz. Isso mesmo! A sua calda é uma lâmpada e quando está muito escuro, o bichinho acende a sua luz para poder enxergar melhor por onde anda ou voa.

Você sabe que bicho é esse?

As pessoas normalmente o chamam de vaga-lume, mas esse bichinho também é chamado de pirilampo.

Pois então, o vaga-lume viu a lagarta fazendo o maior esforço para descer da enorme árvore e se aproximou dela dizendo assim:

— Olá, dona lagarta. O que estava fazendo no alto desse pinheiro?

— Admirando o pôr do sol — respondeu a lagarta.

O vaga-lume continuou com a entrevista:

— Ah, então você subiu a essa altura toda só para ver o pôr do sol?

— Sim! — a lagarta respondeu de novo — É trabalhoso para mim, porque eu tenho que me rastejar muito até chegar lá em cima, mas vale a pena, pois tudo é bonito visto das alturas.

Depois, o bichinho luminoso comentou:

— Que pena que você não pode voar, assim como "eu" posso, e nem tem luz própria, como "eu" tenho. As lagartas são feias, se arrastam lentamente e não sabem voar!

Foi aí que a lagarta percebeu que o vaga-lume estava ali só para zombar e provocar. E então disse bem assim:

— E você também é muito orgulhoso, não é, meu amigo?

— Eu não sou seu amigo! — o vaga-lume retrucou — nós, os bichos iluminados da floresta, não nos juntamos com as lagartas, que são feias, se arrastam lentamente e não podem voar.

E voando para mais alto, com sua lâmpada acionada, o vaga-lume zombava:

— Olha só! Quantas belezas eu vejo agora daqui de cima! Você faz ideia do quanto é gostoso voar? Hahahaha…!

A lagarta ficou bastante triste e preferiu não mais discutir com o vaga-lume. Ela continuou sua lenta descida, pois precisava encontrar um lugar seguro para passar a noite.

O vaga-lume, por sua vez, saiu pela floresta, exibindo seu brilho e orgulho.

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