Escrita por Ery Lopes
A Princesa Carol estava muito feliz e também deixou o palácio real inteiro contente. Tudo mudou por lá e em todo o resto do reino. Por causa dela, os monarcas promoveram mais festas e espetáculos artísticos. Tudo caminhava bem. Porém…
Tudo caminhava bem, mas havia uma coisa que perturbava a rainha: estava viciada naquele excêntrico doce. A propósito, no dia seguinte ao concurso, a majestade mandou trazer a confeiteira ao palácio para lhe fazer uma proposta:
— Quero que seja nossa confeiteira real! — a rainha declarou.
Dona Gertrudes ficou satisfeita e emocionada. Até se esqueceu da ambição de antes. Mas a rainha disse mais:
— Além disso, você poderá morar no palácio conosco juntamente com sua filha. Afinal, minha princesa precisa ter uma amiguinha para brincar. Desde que não falte chocolate!
— Não faltará, minha rainha!
Ai a felicidade foi geral.
* * *
A felicidade foi geral por uns tempos. É que a receita do chocolate se espalhou pelo reino e agora todos por lá estavam viciados naquela iguaria. E pior: não tardou para as pessoas descobrirem que o doce não apenas era viciante como igualmente parecia carregar uma terrível maldição — o chocolate fazia as pessoas engordarem, especialmente as moças. E ninguém mais conseguia ficar sem comer daquela tentação em forma de tablete.
Dona Gertrudes até tentou reinventar sua receita, mas parecia não ter jeito: o chocolate parecia amaldiçoado.
Poucos meses se passaram e a Carolândia estava repleta de gente inchada e de novo melancólica, porque, se por um lado comer chocolate produzia uma sensação de extraordinário prazer, por outro, em seguida vinha o peso de sua maldição.
A melancolia tomou conta de todos, inclusive da Princesa Carol — que também estava viciada em chocolate.
E então, o que fazer?
Foi aí que a Dona Gertrudes esteve diante do rei e apresentou uma ideia:
— Precisamos da ajuda do Oráculo.
O Oráculo, diziam todos, era um sábio que habitava uma caverna no topo do Monto do Oráculo, que ficava bem distante dali. Porém, o problema maior não era a distância, mas sim que para se chegar até lá era preciso atravessar o Rio do Dragão Melancólico. Por isso o rei não se animou com a ideia.
— Mas ninguém nunca conseguiu atravessar o Rio do Dragão Melancólico!
Assim se chamava o rio que separava Carolândia do Monte do Oráculo em razão de um enorme dragão ficar navegando dia e noite sobre a correnteza desse rio, sem deixar ninguém atravessá-lo. O semblante dessa fera era mesmo de melancolia, entretanto, bastava alguém se aproximar para ele se enfurecer. Não se conhecia ninguém que tivesse conseguido dobrar o dragão.
A confeiteira então replicou:
— Talvez se o senhor oferecesse uma boa recompensa…
— Mas será que o Oráculo tem a solução para isso?
— Sim, Vossa Majestade, o Oráculo tem a resposta certa para tudo.
O rei declarou:
— Eu daria até metade do meu reino!
Realmente! Ele já não suportava mais ver a tristeza de sua rainha e da princesa. Coitado do rei. Todos lhe cobravam uma solução, mas parecia tudo perdido.