Não Abra a Pirâmide

Escrita por Ery Lopes

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Capítulo 2


O garoto curioso

 

"E o garoto curioso?" — você deve estar se perguntando. Correto. Vou apresentá-lo agora, afinal, ele é um dos alunos daquela turma escolar que foi para o museu conferir a exposição "A História da Evolução da Humanidade".

Seu nome é Emerson. Ele tem 10 anos, cabelos e olhos negros, moreno claro, corpo de boa estatura, alegre, inteligente e, como já foi dito, curioso — muito curioso!

Aliás, foi ele quem perguntou ao curador sobre "a grande questão" — lembra-se?

E lá vai o Emerson entrando no hall da exposição junto com seus amigos de escola. Eis que um guia da exposição (uma daquelas pessoas com vestes estranhas) começou a apresentar as peças da casa. Ele vestia um paletó vermelho sem gravata sobre uma camisa branca com um colarinho pontiagudo. Sua calça era alaranjada e as bocas das pernas eram gigantes (calça tipo "boca de sino"). Tinha grande cabeleira, encaracolada, e usava óculos cuja armação era bem grossa e pesada.

— Para começar, criançada, vamos voltar no tempo uns cinquenta anos e ver como as pessoas sobreviviam sem o telefone celular e sem a internet…!

— Imagine, como se conseguia viver sem internet?! — uma das colegas comentou com o Emerson.

— Então vejam! — continuou o guia, mostrando coisas antigas, como enormes computadores e outras máquinas antiquadas tais como radiolas de tocar disco de vinil, mimiógrafo, máquinas de datilografia etc.

Não conhece essas coisas? Então pergunte aos seus avós do que eu estou falando e eles certamente vão contar histórias bem interessantes sobre esses "brinquedinhos" do passado.

Depois, a turma passou para outra galeria, onde havia objetos ainda mais velhos.

— Assim era a vida há duzentos anos! — disse outro guia.

Na verdade, agora foi a vez de uma mulher, trajada com um longo vestido branco, cheio de babados, com o cabelo envolvido por um emaranhado de grampos. Parecia uma daquelas princesas de contos de fadas. Ela completou a fala:

— Se o nosso dia a dia sem os eletroeletrônicos é improvável, o que dizer de uma cidade sem energia elétrica…!

E ela foi exibindo a todos os curiosos as relíquias ali expostas, por exemplo, utensílios domésticos como candeeiros e máquinas manuais — ou seja, que funcionavam com a força das mãos —, como um ferro de passar roupa movido à brasa, moinho que funcionava pelo giro de uma maçaneta e uma engenhosa armação usada para fabricar tecidos.

Emerson se engraçou com uma coleção de instrumentos usados para confecção de livros, como penas para escrever e tipografias (que são formas de letrinhas usadas para impressão).

Ele já tinha bastantes perguntas para fazer, sobre para que e como aqueles instrumentos funcionavam, porém não havia tempo — o passeio estava apenas começando e tinha muita coisa ainda para ver.

A turma foi entregue a outro guia — um homem revestido de uma armadura de guerra —, que encaminhou os alunos para a seção seguinte da exposição, que continha imagens e representações da Era Medieval.

Mais foi na parte adiante da jornada que o nosso personagem encontrou o que ele iria considerar o ponto máximo daquele evento. A classe estava agora visitando a seção referente à época do Antigo Egito, assistidos por um guia trajado de um típico egípcio dos tempos dos faraós. E dentre os artefatos que estavam ali para ilustrar o cotidiano daquele período histórico, Emerson notou a presença de uma envelhecida pirâmide, feita de bronze, cerca de um metro de altura — objeto esse que lhe exerceu um imediato fascínio. Parecia haver algo especial naquele objeto que Emerson não sabia o que era, porém, estava curiosíssimo para saber.

Como a pirâmide estava sobre um pedestal, bem no meio da sala de exposição, Emerson pode dar uma volta completa no entorno dela e notar que cada face lateral daquele poliedro continha inscrições. A curiosidade foi instantânea:

— O que será que significam esses desenhos? — sussurrou ele consigo mesmo.

Uma amiguinha, que estava ao seu lado, escutou e respondeu:

— Pesquisa na internet!

Sem dúvidas, era uma boa ideia. Mas como ele faria isso? Não eram letras do nosso alfabeto e, embora ele até fosse bom desenhista, jamais conseguiria memorizar aqueles traços incomuns.

Foi então que teve a ideia de sacar da mochila o seu aparelho celular e fotografar todas as faces da pirâmide.

— Por favor, meu jovem! — disse o guia dirigindo-se a Emerson — É regra do museu a proibição de qualquer aparelho de fotografia e filmagem nas salas de exposição.

Emerson ficou constrangido:

— Tudo bem. Eu peço desculpas.

Ele voltou a guardar o aparelho na mochila. E estava feliz, pois quando o guia do museu lhe reclamou, ele já havia fotografado as quatro faces laterais daquele objeto.

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