Escrita por Ery Lopes
Ao chegar em casa, Emerson cumprimentou sua mãe e foi direto para o computador, com a intenção de descarregar as fotos da pirâmide tiradas pelo celular. No entanto, antes que ligasse o PC, a mãe dele o lembrou de suas obrigações: tomar banho, vestir uma roupa nova e, pela aproximação da hora, já se preparar para o jantar. Além disso, como era de costume, depois do jantar, ele ficaria um bom tempo conversando e brincando junto com o pai e sua irmãzinha — Emília — enquanto a mãe terminava os afazeres do lar.
E devido ao programa daquele dia, no museu, a conversa ia render muito, porque seu pai iria perguntar bastante sobre o que ele havia visto. Ou seja, a pesquisa que pensava em fazer provavelmente ficaria para o dia seguinte — após a lição de casa.
Assim aconteceu. Emerson até imitou o jeito entusiasmado que tinha o curador e os guias da exposição para contar a experiência que havia tido naquele dia. Sua irmãzinha — que tinha apenas dois aninhos — não compreendia quase nada que ele dizia, mas demonstrava atenção ao irmão. Pelo jeito, teremos mais uma supercuriosa no mundo!
Pela descrição que o filho fazia de certas peças daquela exposição, o pai de Emerson reconheceu o que eram elas e como eram utilizadas. Aproveitou para falar sobre uma velha máquina de datilografia que havia recebido de presente de seu avô:
— Sabe, filho, eu usei aquela máquina várias vezes para escrever cartinhas para sua mãe, quando éramos namorados...
— E a mamãe também tinha uma máquina dessas para responder às suas cartas?
O pai sorriu de leve e respondeu:
— Não, não tinha. Mas ela sempre respondia às minhas cartas. Ela escrevia à mão mesmo. E isso era mais bonito ainda, mais romântico...
Emerson não perdeu a vez de lançar outra pergunta:
— Então por que o senhor não escrevia à mão também?
— Ora, filho, porque eu não tinha uma letra tão bonita quanto a de sua mãe.
Adiante, eles conversaram sobre máquinas e outras coisas antigas. Quando a mãe se juntou ao bate-papo, deu uma ideia que foi muito bem aceita por todos:
— No final de semana que vem nós podemos ir à casa dos meus pais e visitar o porão deles. Aposto que deve haver muitas coisas antigas e interessantes lá.
— Aposto que ele ainda deve ter uma radiola e alguns discos de vinil! — disse o pai.
— Legal! — Emerson exclamou.
— Legal! — replicou a pequena Emília, fazendo todos rirem pelo jeito fofo de ela falar.